FONTE:G1 GOIAS
Interditada desde a deflagração da Operação Carne Fraca, a planta da BRF em Mineiros, região sudoeste de Goiás, informou nesta quinta-feira (23) que está transferindo aves que seriam abatidas na unidade para outras fábricas do grupo. Segundo a empresa, na cidade, eram abatidos em média 115 mil frangos e 25 mil perus por dia.
Em nota, a BRF destacou que fez um pedido e recebeu autorização do Serviço de Inspeção Federal (SIF), ligado ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), para a tranferêcnias dos frangos. As aves serão abatidas em Rio Verde, também na região sudoeste.
Já em relação aos perus, o frigorífico ainda aguarda liberação para levar os animais a Uberlândia, em Minas Gerais, onde também serão preparados para a comercialização.
A BRF ressaltou que, mesmo diante da interdição da planta de Mineiros, desde o dia 17, os 2.250 funcionários seguem recebendo o salário integralmente e que todos os benefícios serão mantidos neste período.
A fábrica também já passou por uma inspeção na última segunda-feira (20). Ainda não há data prevista para a liberação.
Sobre essa situação, a assessoria da BRF já havia informado que a interdição ocorreu até que a empresa passe informações sobre a segurança e a qualidade dos produtos. A empresa informou ainda que está colaborando com as autoridades para o esclarecimento dos fatos.
A BRF reiterou ainda que cumpre as normas e regulamentos referentes à produção e comercialização de seus produtos, possui rigorosos processos e controles e não compactua com práticas ilícitas. A empresa ainda "assegura a qualidade e a segurança de seus produtos e garantiu que não há nenhum risco para seus consumidores, seja no Brasil ou nos mais de 150 países em que atua".
Ministro em Rio Verde
Nesta quinta-feira (23), o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, visitou a unidade da BRF de Rio Verde acompanhado de uma comitiva chinesa. A unidade não está entre as interditadas pela Operação Carne Fraca. Segundo ele, a ideia é "escancarar" os processos de produção da carne brasileira com o intuito de mostrar "transparência" no processo.
Equipes de imprensa da China e do Brasil, além de dois representantes da Câmara de Comércio Brasil-China acompanharam a visita. Maggi afirmou ainda que os técnicos que guiaram a visita disseram nunca terem visto algum jornalista no interior da fábrica e que em épocas normais, essa situação "jamais seria possível
"Como estamos em uma guerra, posso dizer assim, as regras às vezes são flexibilizadas e hoje a BRF permitiu que pudesse filmar e tudo mais. A ideia é escancarar as nossas coisas, de mostrar a nossa transparência e não ter medo de mostrar e passar pelo crivo daqueles que são nossos clientes e nossos compradores. Sempre me refiro que o cliente sempre tem razão", destacou.
Carne podre
Fiscal do Mapa que denunciou o esquema, Daniel Gouveia Teixeira diz que os frigoríficos usavam cabeças de suínos e um produto químico conhecido como ácido ascórbico como um truque para “maquiar” a qualidade. “Ele é misturado na massa dos produtos para poder diminuir a infecção bacteriana e mascarar os odores e as características de carne podre”, afirmou.
O Mapa destacou, em nota, que o uso do ácido e de cabeça de suínos não é proibido, desde que estejam dentro das normas estabelecidas pelo ministério.
O Sindicato das Indústrias da Carne e Derivados do Estado de Goiás (Sindicarne) garante que, apesar das suspeitas de irregularidades na liberação de licenças e fiscalização irregular de frigoríficos, a carne produzida no estado é de boa qualidade.
“Como é que uma indústria vai produzir uma carne moída misturada com papelão? Qual a diferença do músculo da cabeça do porco com a paleta, ou do lombo? Todas são carnes e têm a mesma quantidade de proteínas. Posso dizer ao consumidor goiano que a carne de Goiás é de primeira qualidade, é a melhor produzida no Brasil”, destacou o presidente do Sindicarne, José Magno Pato
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