Moradores do povoado de Santa Cruz das Lajes, distrito de Rio Verde, no sudoeste goiano, estão assustados com a infestação de um bicho conhecido como “piolho de cobra”. A suspeita deles é que a proliferação do animal tenha ligação com uma lavoura de cana-de-açúcar que fica a poucos metros das casas. A usina responsável pela plantação nega que exista ligação entre o bicho e a fazenda.
A aposentada Antônia de Oliveira conta que estava almoçando quando foi surpreendida pelo piolho de cobra dentro da refeição. “O bicho enrolou e caiu no prato, eu tive que jogar fora”, lembra. A
ssim como a idosa, outros moradores do distrito relatam transtornos com o bicho. O estudante Gustavo Nogueira dos Santos diz que se queimou em contato com o animal. “Eu estava dormindo, aí ele caiu nas minhas costas e queimou”, afirma.
A bióloga Fabiane Cristine Leal Araújo explica que não existe nada relacionado a prejuízos à saúde causados pelo piolho de cobra. No entanto, cita alguns problemas de se conviver com o animal.
“No caso dos piolhos de cobras, eles têm uma glândula de odor que libera o mau cheiro ou uma substância que pode manchar a pele. Na maioria dos casos não existe registro que possa fazer mal à saúde”, ressaltou.
Incomodado com a infestação, o caminhoneiro Robson Aparecido da Silva resolveu jogar óleo diesel ao redor da casa. Ele afirma que arriscou a segurança da casa tentando combater o bicho. "Não adiantou. Eu jogo óleo diesel e, mesmo assim, eles atravessam, sobe nas paredes. Joguei óleo diesel, joguei óleo queimado", afirmou.
O bicho enrolou e caiu no prato, tive que jogar fora"
Antônia de Oliveira
Ele acredita que a infestação esteja ligada à lavoura de cana-de-açúcar. “Trabalhei nessa usina em 2006 sempre estavam jogando veneno na beirada da cana. Um avião passava e jogava o veneno. Aí o ministério veio aqui e proibiu, porque tava muito perto da cidade, aí jogam lá embaixo. Não tem nem como se viver aqui”, desabafou.
A usina de cana-de-açúcar responsável pela lavoura negou que tenha relação com o problema. A empresa informou que em nota que planta na fazenda há sete anos e isso nunca aconteceu antes. Disse ainda que em nenhuma outra unidade houve infestação deste tipo. Mesmo assim, a usina diz que aplicou um inseticida no canavial para tentar ajudar a população.
Piolho de cobra
O animal que infestou Santa Cruz das Lajes pertence ao grupo dos diplópodes, por terem dois pares de pata em cada segmento, conhecido como anel. Uma das características é o corpo alongado e dois pares de patas por segmento. Apesar de semelhante a uma lacraia (que é um quilópode), eles não são venenosos.
O animal que infestou Santa Cruz das Lajes pertence ao grupo dos diplópodes, por terem dois pares de pata em cada segmento, conhecido como anel. Uma das características é o corpo alongado e dois pares de patas por segmento. Apesar de semelhante a uma lacraia (que é um quilópode), eles não são venenosos.
A bióloga Fabiane Cristine considera que uma das possíveis explicações para invasão do piolho de cobra no povoado é que eles buscam lugares quentes e úmidos para se abrigarem, sobretudo nesta época do ano.
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