Desafio para o desenvolvimento
Um dos municípios que mais recebem investimentos no Estado de Goiás revive disputa de quatro anos atrás
06 de setembro de 2012 (quinta-feira)
RIO VERDE
A eleição para a prefeitura de Rio Verde colocou frente a frente dois adversários que já se conheciam do pleito de 2008, quando ambos se projetaram na cena política regional. Quase quatro anos depois, o prefeito Juraci Martins (PSD) e o deputado estadual Karlos Cabral (PT) tornam a reunir, de um lado, a base do governo estadual e, de outro, o grupo de oposição representado na aliança PT-PMDB. Na sabatina realizada ontem pelo POPULAR, com apoio da TV Riviera, as duas forças apresentaram projetos opostos para uma cidade em franco desenvolvimento e uma das que mais atraem investimentos públicos e privados do Brasil. Os jornalistas da Organização Jaime Câmara entrevistaram os dois candidatos na sede da TV Riviera e as principais propostas apresentadas podem ser vistas abaixo, em tópicos. Amanhã, é o dia dos eleitores de Aparecida de Goiânia conhecerem as propostas dos dois candidatos mais bem posicionados nas pesquisas do segundo maior colégio eleitoral do Estado: o atual prefeito e ex-governador Maguito Vilela (PMDB) e o deputado, ex-vice-governador e ex-prefeito da cidade Ademir Menezes (PSD).
JURACI MARTINS
Partido: PSD
Idade: 67 anos
Formação: Medicina
Profissão: Produtor rural
Valor de bens declarados ao TRE: R$ 2.062.437,72
Histórico: Casado, pai de dois filhos, o candidato busca a reeleição agora por outro partido – em 2008 foi eleito pelo DEM sem nunca ter disputado qualquer eleição. No ano passado, fez parte do grupo político que deixou o Democratas para se filiar ao recém-criado PSD.
Saneamento
Já recebemos R$ 32 milhões do governo e estamos partindo para uma parceria público privada (PPP) envolvendo a Saneago para investir R$ 150 milhões. O projeto é universalizar o sistema em cinco anos, com qualidade tecnológica. Tudo isso preservando os funcionários da Saneago, as tarifas solidárias, um cronograma de obras e um investimento.
Saúde
Estamos estudando esse processo (transferência da administração de hospitais para Organização Social), mas não acreditamos que seja satisfatório. O maior desafio é atender o grande fluxo de pessoas na rede. O problema não é gerencial, mas de responsabilidade fiscal. Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, você só pode gastar em torno de 50% com a folha. Isso impede atender a demanda da saúde. Acho que a terceirização só deve ser aplicada se for obrigatória.
Ferrovia Norte-Sul
O município de Santa Helena tinha tomado essa plataforma (logística) de Rio Verde e nós fomos buscar de volta. Nessa área, estamos partindo para uma PPP. Adquirimos 42 alqueires próximos à saída para Itumbiara (BR-452). É um grande projeto para uma plataforma ferroviária multimodal, um aeroporto de cargas de 4 mil metros e um moderno distrito industrial. Para isso, estamos buscando parceiros no Brasil e no exterior. Devemos visitar a Coreia e outros países para conhecer grandes plataformas no mundo.
Troca de partido
Uma necessidade de momento. É o tipo de dissabor que sofre quem pensa apenas na administração e não tem participação partidária. Decidi escolher um partido no qual eu tivesse independência para escolher meus parceiros, que são os governos estadual e federal.
Caso Cachoeira
Ele (governador Marconi Perillo) está sendo acusado de ter vendido uma casa. Por enquanto, nada foi provado. Não sou advogado de defesa dele, mas quem trouxe a Delta para Goiás não foi o Marconi. Não tenho participação nenhuma com o grupo do Cachoeira nem conhecimento de nada disso. Sei que estão questionando muito o governo Marconi, questionando menos o governo do Distrito Federal e não investigando nada no Rio de Janeiro, que tem o maior apoio da Delta.
Diversão
Nós estamos trazendo o Shopping Buriti, com interferências da nossa administração. Vai ser o maior shopping da região. Em segundo lugar, teremos a primeira Secretaria de Juventude no Estado para cuidar de esporte, lazer e cultura. Já investimos R$ 500 mil e vamos investir mais R$ 1,5 milhão na construção de um centro de lazer. Também estamos procurando uma área para fazer um lago, um centro de eventos e várias modalidades de esporte.
Obras
Esse (lago iniciado no governo passado) está concluído. Bastam mais 30 dias e tudo estará pronto. O dinheiro já está disponível. As obras do parque, lago e rodoviária serão terminadas este ano. Meu mandato só termina em dezembro. Até lá, exceto o Centro de Eventos e um hospital, vou honrar todos os compromissos.
Segurança Pública
Os índices de criminalidade de Rio Verde não são maiores do que de Goiânia nem do Entorno. Quase tudo está relacionado às drogas. Investimos R$ 100 mil em um banco de horas e fizemos a melhor estrutura de trabalho existente em Goiás para a Polícia Civil. O que falta em Rio Verde chama-se policial militar. A gente traz um PM, mas os políticos levam pra outras regiões. O problema é de contingente. Já fechamos com o governador e vamos iniciar uma academia de PM e cursos de pré-vestibular para os jovens que quiserem ser policiais. Vamos formar gente da nossa região.
Trânsito
São mil carros e 150 motos a mais todo mês. Estamos seguindo, pela ordem, primeiro segurança, saneamento básico e a terceira é trânsito. Curiosamente, todas as três são de responsabilidade do Estado, mas não estou reclamando. Nenhum bairro novo pode ser aberto sem infraestrutura completa. Temos um projeto a médio e longo prazo de abrir avenidas, iniciando por onde os terrenos são mais baratos.
Transporte Coletivo
Não recebemos apoio financeiro de empresas da área de transporte coletivo. Depois de três anos e meio sob pendências jurídicas, acaba de ser liberada a licitação do novo transporte. É um dos trunfos da nossa administração. Pode parecer pequeno, mas é de grande importância prática.
Estudo de trânsito
Pagamos R$ 300 mil para uma empresa fazer um projeto, mas, na prática, não deu resultado. Trânsito é assim: você faz um estudo, mas é a prática que indica o melhor caminho.
Governabilidade
Acho que, sem oposição, o administrador tranquiliza. Oposição é válida. O que contestamos é quando entra na área pessoal. Graças a Deus nunca teve isso. A oposição é a base da democracia, assim como a imprensa.
KARLOS CABRAL
Partido: PT
Idade: 32 anos
Formação: Direito
Profissão: Advogado
Valor de bens declarados ao TRE: R$ 357.708,55
Histórico: Candidato derrotado na disputa pela prefeitura de Rio Verde em 2008, foi eleito deputado estadual pelo Partido dos Trabalhadores (PT) em 2010 e representa a região Sudoeste na Assembleia Legislativa. É um dos candidatos mais jovens nas eleições deste ano, com 32 anos.
DEM aliado
Nós temos um prefeito que pertenceu aos quadros do DEM. O partido chegou a ensaiar uma candidatura própria na cidade e, como tinha uma definição que não caminharia com o bloco do prefeito, não tendo conseguido estabelecer um bloco partidário para a disputa municipal, o caminho natural foi aliar-se conosco.
Preparo
Fiz um MBA em administração pública e gestão de municípios, acumulo agora nesse período que você disse, do mandato, um pouco mais de experiência política, mas, sobretudo, sou uma pessoa que estou em constante aprendizado. Eu gosto de conviver, de experimentar as coisas, de me cercar de boas pessoas.
Prioridades
As demandas são muitas. Existem muitas coisas a serem feitas, mas educação, saúde e segurança, hoje, são os temas que estão na pauta e na boca dos cidadãos de Rio Verde. Nosso governo vai investir prioritariamente nestes três pontos.
Saúde
Nós, aqui em Rio Verde, ainda estamos muito deficitário na alta complexidade. Se não for o Hospital Evangélico, que nem consegue atender a toda demanda, porque temos a regionalização do sistema de saúde aqui do Sudoeste (goiano) todo em Rio Verde, se não conseguirmos resolver o problema da alta complexidade, vamos ter que continuar exportando pacientes para Goiânia. Agora nós temos que decidir investir nisso. Falar em alta complexidade em Rio Verde é falar, evidentemente, em uma outra estrutura pública, maior, que consiga compreender a diversidade dos campos da medicina. Mas também não dá para resolver o problema se a gente não investir na média e baixa complexidade.
Segurança
Estamos vivendo um momento em que transferir a responsabilidade da segurança apenas para o Estado é não conseguir resolver o problema e transferir um problema que não quer ser discutido. Os municípios têm, sim, a obrigação de participar do processo de organização da segurança pública municipal. A Guarda Municipal é uma proposta que, quando candidato em 2008, eu defendi e volto a defender agora, porque também foi uma proposta do meu adversário, que não foi cumprida. A outra passa pelas políticas transversais que nós queremos compor na prefeitura de Rio Verde. Falar em segurança, necessariamente, é falar em políticas transversais, tanto de oportunidades, quanto de educação.
Saneamento
Nossa proposta é municipalizar o serviço da Saneago em Rio Verde. Claro, simples e direto. O prefeito assinou um contrato com a Saneago em parceria com quatro municípios: Rio Verde, Trindade, Aparecida de Goiânia e Jataí. Dessas quatro cidades, Rio Verde e Jataí tem aproximadamente 47% de rede de esgoto dentro da cidade. Já Trindade e Aparecida de Goiânia tem muito menos do que os padrões mínimos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Agora, como vai se formar um grupo, que é a proposta do meu adversário, nós vamos pegar Rio Verde e Jataí, arrecadar o que a Saneago arrecada, para fazer a rede de esgoto de Trindade e Aparecida de Goiânia. O prefeito está tirando de nós a arrecadação da Saneago para fazer a rede de esgoto nessas outras cidades.
Educação
Em educação, uma das primeiras coisas que a gente tem debatido é que a cidade, hoje, funciona 24 horas. Temos um polo industrial que trabalha 24 horas por dia e muitos dos pais e das mães que trabalham à noite não têm onde deixar os filhos. Paralelamente a isso, nós queremos terminar as outras três creches, cujos recursos o governo federal já enviou para o caixa da prefeitura e sequer foram iniciadas. Das cinco creches do Programa Pró-infância existentes em Rio Verde, duas tem 90% das obras já iniciadas e as outras três sequer foram iniciadas.
Moradia
Já estivemos nos ministérios, principalmente no Ministério das Cidades, conversamos com várias lideranças dos nossos partidos, temos garantidos os recursos para fazermos novos programas habitacionais em Rio Verde e especificamente um, o conjunto habitacional para o servidor da prefeitura.
Trânsito
É preciso fazer algumas ações pontuais, como instalar o sistema binário de trânsito, aquele onde uma rua vai e a outra volta. Você vai liberar o fluxo de estacionamento, o fluxo de trânsito. O problema de trânsito só pode ser resolvido se a gente definir alguns eixos de ligações entre os bairros, fazer com que os bairros tenham uma ligação contínua entre um e outro. Uma outra coisa que é importante é o planejamento urbano do crescimento da cidade.
Cana
Rio Verde tem hoje todo um aparato logístico construído em função da produção de grãos. Toda uma estrutura já consolidada por causa do agronegócio. Se a cana entrar aqui em Rio Verde ela pode ser o início do fim da cidade.
Caso Cachoeira
(Afetar) a minha (candidatura) de forma alguma. Agora, deve afetar a do meu oponente, que sempre declarou que os padrinhos políticos dele eram Marconi Perillo e Demóstenes Torres, os dois principais personagens do escândalo.
Entrevista/ Juraci Martins
Por que o senhor almeja um segundo mandato?
Por que iniciamos uma grande transformação administrativa e precisamos de uma segunda etapa para preparar a cidade para se tornar uma metrópole. Rio Verde terá 350 mil habitantes em 10 anos e o dobro disso em 20 anos. É uma cidade em que você encontra pessoas do mundo inteiro. Uma cidade grande, mas sem os problemas que afligem as grandes cidades brasileiras. Estamos adaptando a estrutura para receber todo o desenvolvimento industrial e fornecer qualidade de vida para a população. Hoje não temos periferia em Rio Verde. Estamos dotando todos os bairros ditos periféricos com infraestrutura completa. Existem mais de 150 obras em toda a cidade.
Menos de metade das residências de Rio Verde tem acesso ao saneamento básico. Qual é a sua proposta para essa área?
Já recebemos R$ 32 milhões do governo e estamos partindo para uma Parceria Público Privada envolvendo a Saneago para investir R$ 150 milhões. O projeto é universalizar o sistema em cinco anos, com qualidade tecnológica. Estive na Europa e em várias cidades para escolher sistemas sem os odores da decantação e transtorno para a comunidade. Tudo isso preservando os funcionários da Saneago, as tarifas solidárias, um cronograma de obras e um investimento. Para garantir água a todos os bairros, temos um projeto de R$ 30 milhões de captação de água do Rio Verdinho. Dentro de 60 dias, Rio Verde será uma cidade 100% asfaltada.
Existe a possibilidade de o senhor deixar o cargo em 2014 para disputar nova eleição ou para exercer algum cargo de governo?
Nenhuma. Já fui presidente de uma pequena empresa de crédito, presidente do Rotary. Na minha gestão como presidente do Sindicato Rural, conseguimos ser a terceira exposição de nelore do país. No lazer, trabalhamos seis anos para ser o maior rodeio do Brasil. Desde o começo, diziam que não concluiríamos o mandato ou que não conseguiríamos arregimentar o nosso partido. Eu não sou de dar opinião na imprensa sobre política. Não tenho pretensões políticas. Entrei na vida pública aos 64 anos e vou continuar o mandato até o fim.
O senhor é favorável à privatização da rede de saúde no município com a contratação de Organizações Sociais, assim como tem feito o governo estadual?
Estamos estudando esse processo, mas não acreditamos que seja satisfatório. O maior desafio é atender o grande fluxo de pessoas na rede. O problema não é gerencial, mas de responsabilidade fiscal. Com a Lei de Responsabilidade Fiscal, você só pode gastar em torno de 50% com a folha. Isso impede atender a demanda da saúde. Acho que a terceirização só deve ser aplicada se for obrigatória. Estamos estudando isso com bastante calma.
Qual é a infraestrutura que o município precisa ter para aproveitar ao máximo a construção da Ferrovia Norte-Sul?
Já estamos estudando há muito tempo. O município de Santa Helena tinha tomado essa plataforma de Rio Verde e nós fomos buscar de volta. Nessa área, estamos partindo para uma PPP. Adquirimos 42 alqueirões goianos próximos à saída para Itumbiara (BR 452). É um grande projeto para uma plataforma ferroviária multimodal, um aeroporto de cargas de 4 mil metros e um moderno distrito industrial. Para isso, estamos buscando parceiros no Brasil e no exterior. Devemos visitar a Coreia e outros países para conhecer grandes plataformas no mundo. O deputado federal Heuler Cruvinel já está cuidando da duplicação da BR 452 e tenho certeza que isso já é uma realidade.
O que o levou a trocar o DEM pelo PSD?
Uma necessidade de momento. É o tipo de dissabor que sofre quem pensa apenas na administração e não tem participação partidária. Decidi escolher um partido no qual eu tivesse independência para escolher meus parceiros, que são os governos estadual e federal. Sou um prefeito independente administrativamente.
O sr teme receber algum desgaste por ser aliado do governador, posto que ele responde por uma série de denúncias graves?
Não é série de denúncias. Ele está sendo acusado de ter vendido uma casa. Por enquanto, nada foi provado. Não sou advogado de defesa dele, mas quem trouxe a Delta para Goiás não foi o Marconi. Aqui, a Delta ganhou uma licitação, que foi cancelada por motivos que não sei. Hoje que me contaram. Não tenho participação nenhuma com o grupo do Cachoeira nem conhecimento de nada disso. Sei que estão questionando muito o governo Marconi, questionando menos o governo do Distrito Federal e não investigando nada o Rio de Janeiro, que tem o maior apoio da Delta. Acho que o grupo do Cachoeira existe, assim como acho que existe o mensalão. O meu interesse é administrar a cidade. Então, não emito opinião política.
Uma pesquisa da própria prefeitura mostrou que o ponto de lazer mais frequentado por jovens das classes A, B e C de Rio Verde é um shopping Center. Isso não mostraria o quanto a cidade necessita de mais lazer?
Nós estamos trazendo o Shopping Buriti, com interferências da nossa administração. Vai ser o maior shopping da região. Em segundo lugar, teremos a primeira secretaria de juventude no Estado para cuidar de esporte, lazer e cultura. Já investimos R$ 500 mil e vamos investir mais R$ 1,5 milhão na construção de um centro de lazer. Também estamos procurando uma área para fazer um lago, um centro de eventos e várias modalidades de esporte.
Mas e o lago que foi iniciado no governo passado e ainda não foi concluído?
Esse está concluído. Bastam mais 30 dias e tudo estará pronto. O dinheiro já está disponibilizado. As obras do parque, lago e rodoviária serão terminadas este ano. Meu mandato só termina em dezembro. Até lá, exceto o Centro de Eventos e um hospital, vou honrar todos os compromissos. Parque e lago ficam prontos em 60 dias. Vendemos uma área para o shopping, compramos um terreno onde será o Centro Olímpico e demos entrada na área de plataforma ferroviária, que já está paga.
O que propõe na área de segurança pública?
Os índices de criminalidade de Rio Verde não são maiores do que de Goiânia nem do Entorno. Quase tudo está relacionado às drogas. Investimos R$ 100 mil em um banco de horas e fizemos a melhor estrutura de trabalho existente em Goiás para a Polícia Civil. O que falta em Rio Verde chama-se policial militar. A gente traz um PM, mas os políticos levam pra outras regiões. O problema é de contingente. Já fechamos com o governador e vamos iniciar uma academia de PM e cursos de pré-vestibular para os jovens que quiserem ser policiais. Vamos formar gente da nossa região.
Cerca de mil carros novos entram em circulação por mês em Rio Verde. O que fazer para readequar o trânsito?
São mil carros e 150 motos a mais todo mês. Estamos seguindo, pela ordem, primeiro segurança, saneamento básico e a terceira é trânsito. Curiosamente, todas as três são de responsabilidade do Estado, mas não estou reclamando. Nenhum bairro novo pode ser aberto sem infraestrutura completa. Temos um projeto a médio e longo prazo de abrir avenidas, iniciando por onde os terrenos são mais baratos. Os lotes urbanos de Rio Verde são caríssimos. Já iniciamos a construção de um anel viário e aguardamos empréstimo do BNDES. No dia que sair esse empréstimo, ficarei na cola do governador para trazer essa obra. Uma sinalização moderna também já foi iniciada.
E o transporte coletivo, que nunca foi licitado em duas décadas?
Não recebemos apoio financeiro de empresas da área de transporte coletivo. Depois de três anos e meio sob pendências jurídicas, acaba de ser liberada a licitação do novo transporte. É um dos trunfos da nossa administração. Pode parecer pequeno, mas é de grande importância prática. Dizem que não temos a marca de construir grandes obras, mas a maior contribuição é a que serve a praticidade da vida das pessoas.
A prefeitura contratou uma empresa para fazer um estudo do trânsito. Qual foi o resultado?
Pagamos R$ 300 mil para uma empresa fazer um projeto, mas não prática não deu resultado. Trânsito é assim: você faz um estudo, mas é a prática que indica o melhor caminho.
O sr foi eleito em 2008 dizendo ser mais técnico do que político. Como foi o relacionamento com a bancada de oposição na Câmara?
Acho que, sem oposição, o administrador tranquiliza. Oposição é válida. O que contestamos é quando entra na área pessoa. Graças a Deus nunca teve isso. A oposição é a base da democracia, assim como a imprensa. Às vezes a gente fica com raiva porque vocês batem doído, mas se é doído é porque é verdade. Então temos que saber aceitar. Tenho bom relacionamento com os vereadores de oposição. Tudo o que for verdade, eu assumo. O que não for verídico, eu contesto, inclusive juridicamente. Mas só se for ataque pessoal. Crítica à administração eu acho que até nos ajuda a fiscalizar uma instituição tão grande.
Entrevista/ Karlos Cabral (PT)
Por que o senhor quer ser prefeito de Rio Verde?
Eu quero ser prefeito de Rio Verde porque nossa cidade precisa experimentar a abertura política pela qual o Brasil já passou depois do governo do presidente Lula. Nós tínhamos a impressão que o Brasil era bom, que nossa vida era muito boa durante o governo do Fernando Henrique. E logo que o presidente Lula assumiu , nós conseguimos ver isso traduzido de fato na vida do cidadão. E a cidade de Rio Verde, apesar do dinamismo da economia, da agricultura, industrial, ela ainda vive um sectarismo muito grande no campo político. Então junto com o José Henrique, com o PMDB e com nove partidos aliados nós compomos uma aliança que objetiva fazer de fato uma transformação política no cenário de Rio Verde, com abertura, um governo mais democrático, transparente e, principalmente, uma marca que tem sido dos nossos partidos e também dos nossos mandatos, tanto meu quando do José Henrique, que é a participação popular.
Você falou da aliança, que é uma aliança atípica, já que conta com o DEM, que sempre foi um adversário do PT. Queria que o senhor explicasse um pouco para o eleitor o que se deve essa composição.
Na maioria das vezes o contexto municipal difere muito do contexto nacional e essa avaliação do PT com o DEM aqui, ou com os 11 partidos que integram a aliança como um todo, é decorrente do quadro municipal. Nós temos um prefeito que pertenceu aos quadros do DEM, os Democratas chegou a ensaiar uma candidatura própria na cidade e, como tinha uma definição que não caminharia com o bloco do prefeito, não tendo conseguido estabelecer um bloco partidário para a disputa municipal, o caminho natural foi aliar-se conosco, porque nós representamos o bloco de oposição à atual gestão. Então isso é decorrente do processo e das circunstâncias políticas que estamos vivendo em Rio Verde.
O senhor tem dois anos de experiência de mandato político. O senhor acha que tem experiência suficiente para comandar a quarta maior cidade do Estado?
Sem dúvida. Eu me preparei para isso. Logo que terminaram as eleições de 2008, apesar de já ter estudado um pouco naquela época e me preparado para aquela disputa, quando terminaram as eleições a minha primeira preocupação foi fazer uma pós-graduação para me ajudar a me deixar pronto para administrar a cidade de Rio Verde. Fiz um MBA em administração pública e gestão de municípios, acumulo agora nesse período que você disse, do mandato, um pouco mais de experiência política, mas, sobretudo, sou uma pessoa que estou em constante aprendizado. Eu gosto de conviver, de experimentar as coisas, de me cercar de boas pessoas. É por isso que me sinto preparado para administrar Rio Verde. Não só do ponto de vista do estudo como também por estar cercado das melhores pessoas para ajudar a administrar Rio Verde, a exemplo do meu vice-prefeito e das lideranças políticas que nos acompanha.
O que o senhor coloca como prioridade para a cidade? O que está faltando hoje?
As demandas são muitas. Existem muitas coisas a serem feitas, mas educação, saúde e segurança hoje são os temas que estão na pauta e na boca dos cidadãos de Rio Verde. Nós vamos investir essa nossa campanha, nosso governo vai investir prioritariamente nestes três pontos. Parece até um casualismo de um trinômio de qualquer outra eleição, mais isso é decorrente de uma constatação prévia e do período eleitoral, onde nas reuniões, nas caminhadas e nas conversar com as pessoas, não porque em outras eleições e outros contextos não tenha sido o contexto, mas especificamente nesse momento que estamos passando, esses três são os principais pontos.
Segurança é um ponto gerenciado pelo governo do Estado. O PT e o governo do Estado são oposições históricas. Como se daria essa relação? Como a prefeitura pode interferir para a questão da segurança?
Estamos vivendo um momento em que transferir a responsabilidade da segurança apenas para o Estado é não conseguir resolver o problema e transferir um problema que não quer ser discutido. Os municípios têm sim a obrigação de participar do processo de organização da segurança pública municipal. As experiências que nós temos nesse sentido, não só em Goiás como na cidade de Goiânia, ou em Diadema, no estado de São Paulo, que era uma cidade reconhecida no cenário nacional pelo problema com a segurança, inclusive, pautava as notícias do Jornal Nacional com problemas de segurança. O município de Diadema entrou decididamente nessa questão, começou pelas conferências de segurança pública na cidade, estabeleceu uma série de políticas, também de oportunidades, principalmente para os jovens, para os desempregados, e começou a fazer toda uma sistemática que garantiu a reorganização da segurança pública no município de Diadema. Então é baseado nessas experiências que aqui em Rio Verde nós estamos propondo algumas coisas muito pontuais para auxiliar nessa questão, como por exemplo a Guarda Municipal. A Guarda Municipal é uma proposta que, quando candidato em 2008, eu defendi e volto a defendê-la agora, porque também foi uma proposta do meu adversário, que não foi cumprida. Volto a defendê-la com a propriedade de quem entende que a Guarda Municipal nos auxiliará em alguns aspectos, como por exemplo na segurança dos prédios públicos municipais, onde hoje nós contamos com a presença da Polícia Militar. Nós precisamos devolver a Polícia Militar para o policiamento ostensivo e os prédios públicos serem guardados pela Guarda Municipal. O centro comercial da cidade. Nós podemos ter ali ter uma polícia sem arma letal, que esteja trabalhando na prevenção, principalmente nos pontos de maior movimento e nas datas de maior movimentação de pessoas, tanto quanto a patrulha escolar, que as portas de escolas têm sido um ponto de distribuição de drogas, de formação de novos quadros para a bandidagem. Então a Guarda Municipal, com a patrulha escolar, fazendo policiamento na porta da escola pode ajudar a prevenir a chegada do traficante, ou às vezes do malfeitor, próximos dos jovens e adolescentes que estão nesses lugares. Uma das propostas é essa.
A outra passa pelas políticas transversais que nós queremos compor na prefeitura de Rio Verde. Falar em segurança necessariamente é falar em políticas transversais, tanto de oportunidades, quanto de educação. O jovem que não tem oportunidade, não tem qualificação, que não consegue ter acesso aos mesmos recursos que o jovem das classes médias ou alta teve, a gente não vai conseguir dar pra ele a oportunidade capaz de não deixar ele parar no mundo das drogas. Então as políticas de lazer, esporte , cultura e qualificação de mão de obra também integram o nosso plano de entrar transversalmente nesse tema, resolvendo questões pontuais que têm levado o jovem para esse mundo.
Então não é uma questão de força policial, de efetivo?
De forma alguma. Nós temos a proposta da Guarda Municipal para contribuir com a segurança pública, mas se segurança fosse só questão de efetivo militar, a gente não veria falar de crime em Brasília, no entanto, o que a gente tem é uma cidade super militarizada, porque afinal de contas temos até a Guarda Nacional, o Exército, a Polícia Militar do DF, um aparato policial enorme e há poucos dias vimos um índio ser queimado em um ponto de ônibus. Então não é só efetivo policial. Apesar de que, aqui em Rio Verde, o efetivo policial é o mesmo de 20 anos atrás. Nós temos essas demanda, precisamos aumentar o efetivo da PM, mas só isso também não resolve o problema.
Tem alguma política sua específica de combate as drogas?
Combate a droga precisa ter enfrentamento militar também. Aqui em Rio Verde, principalmente. Temos por aqui muitas bocas de fumo, muitos pontos em que traficantes têm feito a distribuição de drogas e principalmente nós estamos em uma rota, entre Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, por onde a droga está passando. Precisamos sim de atitudes efetivamente concretas, mas precisamos também de outra questão, que estava dizendo agora há pouco, que é questão de oportunidade, e também no fortalecimento, na outra ponta, das instituições de recuperação das pessoas que estão com problemas de drogas. Nós temos que fortalecer isso e tenho o desejo, junto com José Henrique, de que nós podemos fortalecer todas as instituições de recuperação que existem em Tio Verde, através da criação de um fundo solidário, para repartir os recursos que vamos investir recuperação dos dependentes químicos, junto com as igrejas, centros e instituições que estão trabalhando na recuperação.
O senhor colocou entre as prioridades a saúde. Uma das reclamações do prefeito de Goiânia é o que se chama de ambulancioterpapia, que é a transferência de pacientes para a capital. Como resolver isso? Para o próprio município atender os pacientes e desafogar o atendimento lá em Goiânia?
Nós aqui em Rio Verde ainda estamos muito deficitário na alta complexidade. Se não for o Hospital Evangélico, que nem consegue atender a toda demanda, porque temos a regionalização do sistema de saúde aqui do sudoeste (goiano) todo em Rio Verde, se não conseguirmos resolver o problema da alta complexidade, vamos ter que continuar exportando pacientes para Goiânia. Agora nós temos que decidir investir nisso. Falar em alta complexidade em Rio Verde é falar, evidentemente, falar em uma outra estrutura pública maior, que consiga compreender a diversidade dos campos da medicina, mas também não dá para resolver o problema se a gente não investir na média e baixa complexidade. Quando eu falo em investir em Rio Verde, muito menos na média e baixa complexidade, é a construção de novos pontos de atendimento. Nós precisamos reestruturar os pontos que já existem, redimensionar, dar outra logística para o atendimento, mas, principalmente, contratar profissionais qualificados para atender na rede pública. Hoje, o nosso problema em Rio Verde é que está faltando médico, enfermeiro, atendimento, tá faltando qualidade no atendimento e está faltando melhor remuneração para o profissional da saúde exercer suas atividades com melhor afinco, com melhor disposição, porque não está ganhando um salário compatível para isso.
Uma questão muito ligada à saúde é o saneamento básico. Hoje, menos da metade das residências contam com este benefício. Qual sua proposta para beneficiar esse sistema? Como você vê essa possibilidade de Parceria Público-Privada (PPP ) ou a saída seria municipalizar o serviço. Qual o seu planejamento em relação a isso?
Nossa proposta é municipalizar o serviço da Saneago em Rio Verde. Claro, simples e direto.
O prefeito assinou um contrato com a Saneago, autorizando-a a fazer uma subdelegação do serviço de esgoto para uma terceira empresa, tirando a finalidade da própria Saneago, que ela é delegatária do serviço. Qual o efeito prático disso em Rio Verde? O efeito prático é que nessa parceria estão quatro municípios: Rio Verde, Trindade, Aparecida de Goiânia e Jataí. Dessas quatro cidades, Rio Verde e Jataí tem aproximadamente 47% de rede de esgoto dentro da cidade. Já Trindade e Aparecida de Goiânia tem muito menos do que os padrões mínimos recomendados pela Organização Mundial de Saúde. Agora, como vai se formar um grupo, que é a proposta do meu adversário, nós vamos pegar Rio Verde e Jataí, arrecadar o que a Saneago arrecada, para fazer a rede de esgoto de Trindade e Aparecida de Goiânia. O prefeito está tirando de nós a arrecadação da Saneago para fazer a rede de esgoto nessas outras cidades. Isto está claro no contrato, tanto que os promotores do Ministério Público de Goiás já evidenciaram esta questão. Pois bem. Chegando à prefeitura, eu e o José Henrique vamos municipalizar o serviço e vamos romper esse contrato, que é extremamente leonino e prejudicial ao município e vamos sim discutir uma nova PPP , para que a arrecadação da água em Rio Verde se transforme também em investimento em saneamento básico. Não é possível resolver o problema de saneamento com esse contrato que o prefeito assinou. Vamos ter que entrar na Justiça e tentar derrubar esse contrato.
Municipalizando, o município tem recursos para investir?
Hoje, tudo o que a Saneago está arrecadando em Rio Verde, no sistema de rateio, muito do que arrecada aqui não está sendo investido proporcionalmente no município. Não tenho dúvida em te afirmar: nós temos condição, com a arrecadação da água em Rio Verde, oferecer um excelente serviço, uma tarifa mais barata e a cobertura integral da rede de esgoto. O problema é que o que hoje é arrecado é transferido para outros municípios. Só para se ter uma ideia, o investimento necessário para ampliar a captação de água em Rio Verde, que hoje já está deficitária, a cidade cresceu e a captação não foi aumentada , que é trazer a água para Rio Verde, está orçada em R$ 58 milhões. A Saneago não está preparada para realizar este investimento e muito menos com este contrato.
Quais são as propostas prioritárias para educação?
Em educação, uma das primeiras coisas que a gente tem debatido é que a cidade hoje funciona 24 horas. Temos um polo industrial, econômico aqui que trabalha 24 horas por dia e muitos dos pais e das mães que trabalham à noite não têm onde deixar os filhos. Nós estamos investindo na creche 24 horas, um aparelho público que vai proporcionar aos pais que estão trabalhando deixar os seus filhos em um lugar seguro. Eles vão ter tranquilidade de que seus filhos estão bem cuidados enquanto estão trabalhando no turno noturno. E é grande a quantidade de trabalhadores que hoje exercem suas funções no período da noite. Paralelamente a isso, nós queremos terminar as outras três creches, cujos recursos o governo federal já enviou para o caixa da prefeitura e sequer foram iniciadas. As cinco creches do Programa Pró-infância existentes em Rio Verde, duas tem 90% das obras já iniciadas e as outras três sequer foram iniciadas.
Quais são seus projetos para diminuir o déficit em habitação, hoje em 9 mil casas?
Tudo o que foi feito até hoje em Rio Verde, do ponto de vista da habitação, foi com recursos do governo federal. E aí eu tenho propriedade para falar sobre isso porque o nosso governo, do meu partido, foi o governo que mais investiu nesse campo, não só em Rio Verde como em todo o Brasil. Já estivemos nos ministérios, principalmente no Ministério das Cidades, conversamos com várias lideranças dos nossos partidos, temos garantidos os recursos para fazermos novos programas habitacionais em Rio Verde e especificamente um, que até levei a proposta para nosso programa de televisão, um conjunto habitacional para o servidor da prefeitura, pretendemos fazer em uma área que existe em frente o Clube Dona Gercina, que é uma quadra toda, que é do município e vai estar perto da prefeitura e do clube. Sobretudo, você pode ver que essa cidade não construiu uma casa com recurso próprio. Todas as casas foram construídas com recursos do governo federal e por sermos do mesmo partido tenho certeza que teremos muito mais liberdade de discutir os programas habitacionais com o nosso governo, para trazê-los aqui para Rio Verde. Então não tenho dúvida em responder que nós vamos resolver o problema habitacional em Rio Verde, com parceria do governo federal.
O problema do trânsito pode ser resolvido com questões pontuais ou precisa abrir novas avenidas, investimentos maiores e se isso cabe no orçamento das prefeituras?
Hoje, se você for olhar para o traçado urbano de Rio Verde, a disposição dos bairros e da ruas, eu costumo usar um exemplo para mostrar como Rio Verde está composta no traçado urbano: é como você pegar um espelho, jogasse ele no chão, quebrasse e os cacos se esparramassem. Foi assim que Rio Verde foi crescendo e surgindo os novos bairros, sem nenhum tipo de ordenamento. Isso acabou deixando que não existisse rua de trânsito rápido, rua de ligação. Aqui em Rio Verde, poucas avenidas saem de um ponto e levam a outro. Elas nascem do nada e acabam do nada. É preciso fazer algumas ações pontuais, como instalar o sistema binário de trânsito. Alguns bairros não tem como fazer uma intervenção mais pesada porque já estão consolidadas há anos. Sistema binário é aquele onde uma rua vai e a outra volta. Você vai liberar o fluxo de estacionamento, o fluxo de trânsito. E tem que fazer essa intervenção. Mas principalmente, o problema de trânsito só pode ser resolvido se a gente definir alguns eixos de ligações entre os bairros, fazer com que os bairros tenham uma ligação contínua entre um e outro, fazer avenidas como a Avenida José Valter, que sai da Rua 9, na Morada do Sol, e termina na Avenida Presidente Vargas e não tem continuidade. Como a Avenida 77, a ser ligada com a com a Dr. Gordon, para ligar com o novo eixo, do Córrego do Sapo, inclusive ligando com a Avenida JK, na Morada do Sol, proporcionando a quem sai da região leste da cidade que possa a região sul ou sudoeste usando uma avenida de trânsito rápido.
Uma outra coisa que é importante é o planejamento urbano do crescimento da cidade. Novos bairros não podem surgir sem que a gente já tenha através da prefeitura definido o traçado das avenidas de maior fluxo, das avenidas de ligação, para a gente poder, inclusive, cortar a cidade de uma ponta a outra sem ter que necessariamente passar pelo centro. Hoje vocês podem observar: quem está no bairro Céu Azul e quer ir para o bairro Promissão, é praticamente inevitável passar pelo centro da cidade. A única forma de não passar pelo centro é passar pela BR-060.
O anel viário é uma proposta?
Eu não coloquei no eixo, mas o anel viário é uma proposta. Um mini anel viário tem que ser construído para tirar o caminhão do centro da cidade. A rodoviária tem que ser levada para às margens da BR-060, que está sendo duplicada, e tirar da Presidente Vargas, que é o maior corredor de acidente da cidade. Várias intervenções pontuais, mas principalmente um estudo. Não vai ser tão simples. Com o transporte deficiente que temos, qualquer cidadão prefere comprar uma moto ou um carro do que usar o sistema de transporte público. Nós precisamos resolver o problema do transporte público em Rio Verde, um problema que não foi resolvido até hoje por incompetência ou então do apadrinhamento do prefeito por parte das empresas de transporte coletivo, porque a Perdigão carrega todos os seus funcionários que cumprem horário e ela pela eles nos diversos pontos da cidade e nenhum chega atrasado. Então se o transporte público, que está visando lucro, não consegue fazer isso, é por incompetência da gestão.
O adversário do senhor foi eleito pregando uma gestão mais técnica e menos política. Na opinião do senhor, como deve ser uma gestão?
O peso político é muito importante, porque toda decisão é política, mas ela deve ser amparada evidentemente por um critério técnico. Eu não falo em construir governos com técnicos, porque só o técnico, ele tem muita dificuldade , às vezes, em dialogar com a realidade política, do cidadão. O tecnicismo impede, em muitas das vezes, que as necessidades da população seja, de fato, preenchida, por causa da falta de contato, da falta de contato e da construção política.
Rio Verde não tem recebido investimento tão acentuado quanto outros municípios da região em relação à cana-de-açúcar. Isso preocupa?
Essa é uma questão muito séria que deve ser considerada. Rio Verde tem hoje todo um aparato logístico construído em função da produção de grãos. Toda uma estrutura já consolidada por causa do agronegócio. Se a cana entrar aqui em Rio Verde ela pode ser o início do fim da cidade. Não que seja contra a cana, a usina ou o produtor de cana. É que temos aqui um agricluster completo que começa com a plantação de uma sementinha e termina com o frango saindo embalado para ser exportado para a China ou para qualquer outro lugar do planeta. Se a gente não se ocupar em preocupar com a produção, e é por isso que as agroindústrias vieram para cá, com o produtor rural, com a cadeia do grão, com a cadeia da agroindústria, Rio Verde pode estar começando a ir para o fracasso. Se a cana entrar aqui e ocupar a grande área de produção que nós temos, todo o sistema que está instalado em Rio Verde está instalado em decorrência da forte presença do agronegócio que temos aqui. Se a gente perder essa característica, essa produtividade e essa engenharia feita para consolidar uma alta produção agrícola aqui, pode ser a ida das indústrias, o fim dos empregos e da receita de Rio Verde, porque produção de cana concentra os ganhos nos usineiro e no arrendatário. Ela não distribui os recursos. Já temos outros municípios com a cana.
Qual sua posição em relação à reforma agrária?
A reforma agrária no Brasil é uma necessidade. Só que não adianta fazer reforma agrária só com números ou com distribuição de terra para quem quer que seja, que não seja da terra e não tenha capacidade de se desenvolver na terra. Em Rio Verde nós temos oito assentamentos que estão hoje funcionando e legalizados no Incra. Nós temos é que proporcionar que esses assentados tenham condições de produzir, porque hoje eles se ocupam de fornecer os alimentos que vão para nossa mesa, a hortaliça, a verdura.
Como a cidade precisa se preparar para receber os recursos da ferrovia Norte-Sul?
Nós ainda não conseguimos prever qual o impacto direto que a Norte-Sul vai trazer, não só em Rio Verde como na região, mas mesmo sabendo que o ponto logístico da ferrovia vai estar em Santa Helena, não tenho dúvida que Rio Verde será uma grande beneficiária da ferrovia. Primeiro por causa da questão logística. Segundo porque nós é que estamos na rota logística rodoviária, da produção e, necessariamente, as empresas que virem para se aproveitar desse pátio de manobras ou desse porto seco, que elas vão preferir se instalar em Rio Verde devido à comodidade e porque os negócios estão instalado aqui. Então eu não tenho dúvida que vamos ser beneficiários, mesmo com o equívoco de terem levado o porto seco para Santa Helena, porque o grosso da produção está aqui em Rio Verde.
Como resolver o problema da infraestrutura, gerada pelo crescimento?
Rio Verde está vivendo essa realidade. Tanto é que está refletindo na grande quantidade de homicídios, na grande quantidade de furtos e roubos. É natural que o crescimento apresente reações adversas, como medicamento também trás. Agora se o município não se preparar para enfrentar isso, ele sempre será pego de surpresa. É onde eu falo, o município de Rio Verde está precisando é de um gestor.
Esse escândalo envolvendo o Cachoeira respingou em vários partidos, inclusive o PT. Isso prejudica ou afeta a campanha?
A minha de forma alguma, agora deve afetar a do meu oponente, que sempre declarou que os padrinhos políticos dele era o Marconi Perillo e o Demóstenes Torres, os dois principais personagens do escândalo Cachoeira. Se alguém tem que explicar alguma coisa sobre Cachoeira, não sou eu e meus aliados e sim meu adversário, que é aliado de primeira hora dos dois principais personagens do escândalo.
O deputado Rubens Otoni acabou sendo citado. Isso vai ser citado na campanha?
O caso do deputado Rubens Otoni foi um vídeo pontual da disputa de Anápolis em 2004, que não tem nada a ver com o caso da Operação Monte Carlo. Então isso pra mim não faz a menor diferença.
Ele vem para a campanha?
Se ele quiser vir, estamos abertos.
Como o senhor vê esse modelo atual de financiamento de campanha? Existe a necessidade de mudar?
Enquanto o financiamento de campanha não for público nesse País, nós ainda vamos ver escândalos como esse acontecendo. A campanha no Brasil é privada. Ela é privada, mantida com recursos privados. Toda campanha grandiosa é decorrente do apoio financeiro de empresas que apoiaram a campanha para depois terem um benefício como contrapartida. Enquanto não vermos a campanha pública, de fato, com financiamento público, nós não vamos ver o fim da corrupção.
A prefeitura não deveria tentar colocar o maior número de funcionários concursados, ao invés de comissionados?
Acho realmente que o setor público, para ter um servidor mais aguerrido, ele tem que trabalhar com servidores concursados, mas é inevitável que qualquer gestão tenha os cargos comissionados de confiança. Porque política se faz em grupo e o grupo político que dá sustentação ao gestor é o grupo de confiança dele para aplicar os programas. O problema aqui em Rio Verde é que os cargos comissionados servem para fazer um grande cabidasso de emprego. Para se ter uma ideia, o prefeito gasta apenas 5% a menos com os comissionados daquilo que ele gasta com os concursados.
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