domingo, 11 de agosto de 2013

***Rio Verde: Transporte coletivo à beira do colapso***

Por Rafael Martins//Deoclismar Vieira
Agradecimento a Radio 96fm.
O sistema de transporte coletivo está à beira do colapso. Em entrevista a Rádio 96FM, o proprietário da Viação Paraúna, Marcos de Melo, falou da qualidade do transporte coletivo, dos problemas e dificuldades da empresa em operar na cidade. Segundo ele, o serviço prestado atualmente não é bom, tem deficiência mas a empresa não pode ser culpada sozinha, pois a melhoria depende do poder público. "O que vem acontecendo é que o transporte coletivo de Rio Verde é deficitário, não tem renda. O grande problema são as grandes empresas que contratam ônibus (serviço de fretamento) e tem muita gente que anda de graça no ônibus urbano. Cito como exemplo: a lei federal diz que o idoso de 65 anos tem passe livre mas dá liberdade para que o município abaixe para 60 anos, como acontece aqui na cidade, mas a lei fala também que alguém tem que pagar essa passagem e o município nunca pagou uma passagem pra Paraúna".

Hoje a Viação Paraúna roda com 25 ônibus nas linhas e transporta em média cinco mil passageiros por dia e destes 40 % são os passageiros que andam de graça. O transporte por fretamento também contribui para o déficit de passageiros transportados. O proprietário da empresa explica que os ônibus fretados transportam os trabalhadores e a Paraúna transporta os pais e filhos destes trabalhadores, que são os que tem os benefícios da gratuidade e meia-passagem respectivamente.

O sistema em Rio Verde assemelha-se ao de Goiânia na questão da autossustentabilidade. O usuário pagante e quem arca com os benefícios das demais categorias como idosos, deficientes e estudantes; sendo que quem devia arcar com os custos é o poder público através dos subsídios.

Marcos de Melo revelou que o o número de usuários pagantes não cobre nem os custos com combustíveis. "A tarifa técnica em Rio Verde é de 4,30 centavos, segundo estudos. Mas a atual tarifa é cara por que são poucos que pagam, então se todo mundo pagasse a passagem, ela poderia inclusive abaixar. Hoje os 2,70 não cobrem os custos, nem do óleo diesel. Hoje a Paraúna consome cerca de 6 mil litros/dia". A tarifa técnica é a tarifa que diz quanto o passageiro custa para o sistema e se este custo cobre os gastos. Se a tarifa técnica for maior que a tarifa praticada, significa que o sistema opera no vermelho.

Sobre buscar uma solução para a crise do transporte em Rio Verde, Melo disse que já tentou diversas vezes falar com o responsável pelo transporte na Prefeitura mas não consegue sequer agendar uma reunião. "É difícil tocar uma coisa sozinho se ninguém quer. Hoje eu tenho uma folha de pagamento de 180 mil reais e não tenho dinheiro para isso. Tenho que sair em instituição financeira, pegar dinheiro para pagar funcionários. Eu abro as portas da empresa para quem quiser ver esses dados. Há um ano fui na prefeitura para ela isentar a empresa de pagar ISSQN que compensaria um pouco . Hoje eu pago de 30 a 32 mil reais de ISSQN . Se estivesse isento, usaria esse dinheiro na compra de ônibus novos. Nessa situação de hoje a empresa não dá conta de rodar mais. Hoje eu vou pegar os ônibus novos, vou tirar de circulação e vender para pagar funcionários. Ou eu pego dinheiro em banco ou vendo ônibus para pagar folha de pagamento", explica.

Questionado pelo jornalista da Rádio 96FM, Cairo Santos, sobre a condição da frota da cidade, Melo frisou que para a empresa não é viável andar com ônibus velho pois a manutenção é cara. "Grande parte da frota é de 2008 para cima, com 3-4 anos de uso", diz.

Acerca da reclamação dos usuários sobre os poucos ônibus nas ruas nos finais de semana, proprietário da Paraúna explica a questão."Com baixa demanda de passageiros nos finais de semana, a frota é reduzida a partir das 14h de sábado, domingo e feriados. Rodamos com 12 ônibus das 5:30 até 23:30 e carrega em média 1200 passageiros. Nos dias de semana, após as 19h30, depois que as faculdades começam as aulas, os ônibus rodam completamente vazios até as 22h que é quando saem das faculdades".

O jornalista pergunta porque a planilha não é baseada na demanda de passageiros, já que rodam ônibus vazios em certos horários e cheios demais em outros. Melo diz que a Paraúna não tem poder de alterar a planilha quando quer. "A Paraúna não pode reduzir planilhas na hora que quer para adequar a frota de ônibus à demanda. A gente cumpre é a planilha que a SMT nos manda. A partir das 19h30 tem é passageiro das faculdades para os bairros. A solução para isso seria talvez em deixar os ônibus nas faculdades e na volta coloca-los nas ruas assim que os alunos fossem dispensados. Desta forma o gasto com o combustível seria menor e a frota teria um aproveitamento maior", conclui Melo.

De acordo com o proprietário da empresa, o problema em aumentar a frota de ônibus é a falta de motorista. "Precisamos de 30 motoristas e os que temos muitas vezes não quer trabalhar, pois falta, dá atestado médico, ou faz meia escala, deixando o ônibus na Rodoviária e indo embora e não tem compromisso pra trabalhar", diz.

Sobre do processo licitatório, que está suspenso pela Justiça desde o começo do ano, Melo é confrontado porque a Paraúna entrou na concorrência pública, já que o atual sistema é deficitário. "Quando foi feita a licitação, o município falou que não ia aceitar mais o serviço fretado e que tudo seria feito com o serviço de transporte urbano . Outro problema é a questão do vale-transporte, a maioria das empresas não dão o vale transporte justamente por ter o serviço de transporte fretado. Hoje quem comercializa o vale-transporte dentro de Rio Verde é a Viação Paraúna por ser só uma empresa que roda aqui", explica o proprietário da empresa.

As soluções para a crise em que o sistema se encontra, de acordo com Melo, seria as empresas cumprirem a lei comprando o vale-transporte, a prefeitura construir os corredores para ônibus e os terminais de integração que deveriam ter sido feitos há 5 anos. "Temos os projetos dos terminais protocolados na Prefeitura há mais de 8 anos. O poder público não importa com o transporte público. O poder público poderia ouvir mais as empresas, pois são elas que mexem com transporte público e são as mais adequadas para dar sugestões. O poder público acata a sugestões se quiser, pois os maiores interessados na melhoria do sistema são os empresários e usuários do transporte. Precisamos sentar e discutir o transporte. Se não sentar, não encontra solução para os problemas", conta.

Ao final da entrevista, Marcos de Melo frisou as crises da empresa e a que o transporte coletivo vive. "A Paraúna hoje está com sérias dificuldades financeiras e não está com as contas em dia, honrando seus compromissos. Porque o transporte a cada dia que passa ele vem piorando e o custo de manter ficando mais caro. Durante 1 ano, tivemos 7 aumentos no óleo diesel. Se não sentar para discutir o problema, a Paraúna não vai dar conta de operar mais em Rio Verde", finaliza.


Um comentário:

Anônimo disse...

por que sempre falo!!esse pais nosso e sem futuro!!!e muito roubo e os politicos do poder nada faz pra populaçao e negocio e so roubar e mais nada!!!lamento muito por ter nascido nesse pais sem futuro!!!!