FOTOS E TEXTO:G1 GOIÁS
A Comissão Nacional da Verdade (CNV) realiza, nesta quinta-feira (27), uma operação em uma fazenda de Rio Verde, região sudoeste de Goiás, em busca de vestígios de um casal de namorados morto no local durante a Ditadura Militar. O trabalho conta com o apoio da Polícia Federal do Distrito Federal, além de representantes do Ministério Público Federal em Goiás (MPF/GO) e peritos do Instituto Médico Legal (IML) de Brasília.
A operação começou na quarta-feira (26), sob o comando do delegado da Polícia Federal Daniel Joses Lerner, requisitado pela Comissão Nacional da Verdade para investigar o caso. Segundo ele, Márcio Beck e Maria Augusta Thomaz eram militantes da oposição em São Paulo. Em 1973, quando tinham 30 e 26 anos, respectivamente, se mudaram para a Fazenda Rio Doce, em Rio Verde, com a intenção de fugir da Ditadura. Porém, eles foram descobertos e assassinados por um grupo armado no dia 17 de maio do mesmo ano.
"Eles estavam em um casebre e foram surpreendidos por um grupo que ficou perfilado em volta do imóvel com artilharia pesada e abundante, usando, inclusive, fuzis", explica o delegado ao G1. De acordo com Lerner, depoimentos e documentos obtidos no Serviço Nacional de Informações (SNI) comprovam a ação.
As escavações são realizadas desde quarta-feira (27) em uma área delimitada de 100 metros quadrados. A intenção é tentar descobrir outros resquícios dos corpos ou pertences e pedaços de roupas de Márcio e Maria.
É um trabalho muito minucioso, feito pela equipe. Estabelecemos uma área onde escavamos a uma profundidade de 1,8 metro. Apesar das buscas, até agora, não encontramos nenhum vestígio", afirma o delegado.
Ainda conforme Lerner, os corpos foram sepultados no local, mas nunca foram encontrados. Em 1980, quando familiares tentavam localizar os restos mortais, um grupo ligado ao regime realizou a chamada "Operação Limpeza", desenterrando os corpos e os levaram para um lugar desconhecido.
Mesmo assim, uma investigação da época conseguiu colher alguns dentes e fragmentos de ossos que foram entregues à Justiça de Goiás. A Comissão Nacional da Verdade, no entanto, afirma que esse material nunca foi localizado.
O trabalho será finalizado na sexta-feira (28) e tudo que for recolhido pela equipe será levado para análise em Brasília.
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