quinta-feira, 4 de junho de 2015

***HOMENAGEM A PAULO ROBERTO CUNHA-"TA CERTO,PAULO ROBERTO***

Ontem 3/06/2015 fez quatro anos que nos despedimos de um grande amigo e importante nome do cenário político de Rio Verde, Paulo Roberto Cunha. Fundador da COMIGO, exerceu vários cargos de extrema importância no desenvolvimento de nossa cidade, como prefeito e deputado federal. Seu inesquecível bordão "tá certo, Paulo Roberto", nos traz a recordação de um homem que lutou para que nossa cidade chegasse onde está hoje, sendo crucial não somente no meio político, mas também em todas as outras atividades que exerceu enquanto líder, idealizador e benfeitor, que colaborou de forma brilhante para Rio Verde se tornar a grande capital do agronegócio. Fica aqui meu reconhecimento e minha homenagem, Paulo, que Deus o tenha.
 TRECHOS DO SUDOESTE JORNAL

Aos 68 anos, ele se desincompatibilizou com a vida. 

Polêmico, dono de um gênio forte e capaz de posições extremas, o ex-prefeito de Rio Verde e ex-deputado federal constituinte Paulo Roberto Cunha deixa um legado político e administrativo ainda difícil de ser avaliado, mas que tem a marca de uma personalidade diante da qual era impossível ficar indiferente 

Tá certo, Paulo Roberto!”, ululava a multidão mesmerizada, ante a presença magnética do candidato a prefeito de Rio Verde, no comício que o trazia navegando uma empolgante campanha política, como até então nunca se tinha visto na cidade. O poderoso som do trio-elétrico, o foguetório, a extasiante mise-en-scène musical cuidadosamente preparada para dar entrada à voz roufenha, que fechava o discurso bradando a toda: “Levanta Rio Verde e vai buscar tua grandeza!”, triunfalmente encerrado com os primeiros acordes do Hino Nacional. De arrepiar até o mais frio dos corações. 
Era 1988. Paulo Roberto Cunha disputava pela primeira vez a prefeitura da cidade, ainda exercendo o mandato de deputado federal à Assembleia Nacional Constituinte, onde se destacara como um recordista de emendas à nova Carta. Vindo das bases ruralistas do Sudoeste Goiano, que, com sua notável capacidade de liderança, havia aglutinado em torno da fundação da Comigo, e das antigas hostes udenistas, concorria com ninguém menos do que o ex-prefeito Iron Nascimento, patrocinado pela máquina eleitoral do velho PMDB de guerra. Venceu. Mas não cumpriu todo o seu mandato, ao qual renunciou para, em 1990, candidatar-se ao cargo de governador concorrendo com Íris Rezende. Perdeu por mais de 350 mil votos, apesar de, na reta final da campanha, ter dado um bom aperto no vencedor. Ainda hoje, há quem diga que ele teria sido eleito governador, se esperasse mais dois anos e não tivesse peitado Íris, então um imbatível mito político. Pode ser. 
Logo depois, já no governo de Fernando Collor, de quem fora coordenador de campanha em Goiás, Paulo Roberto assumiu a presidência da CONAB - Companhia Nacional de Abastecimento, onde permaneceu até 1992. Então, novamente sem sucesso, candidatou-se ao Senado em 1994. Só voltaria à cena política com um mandato eletivo em 2000, quando, pela primeira vez, venceu Wagner Guimarães na disputa pela prefeitura rio-verdense. Repetiria o feito em 2004, reelegendo-se com menos de 400 votos, por conta do pesado desgaste político que minara sua popularidade. Ficou furioso e chegou a declarar aos jornais que, com aquela “mísera votação”, sentia-se moralmente derrotado. Coisa típica dele, para quem não havia meios-termos: era calça de veludo ou bumbum de fora...
Após esses dois mandatos, que, somados ao primeiro período, lhe permitiram cumprir por quase dez anos o cargo de prefeito, Paulo Roberto anunciou sua aposentadoria política e a intenção de, daí em diante, “dedicar-se inteiramente aos netos”. Inútil. O DNA político ainda o convocaria mais uma vez, levando-o a participar da tal de “terceira via”, espécie de delírio eleitoral imaginado pelo então governador Alcides Rodrigues, que o levou a se candidatar outra vez ao Senado. A saúde já não ajudava muito. E prejudicado por graves problemas físicos, fez uma campanha sofrida, a bordo de um minicarro que criou, mandou instalar e que supria suas dificuldades de locomoção. Teve exatos 227.639 votos. 
Com relação a Paulo Roberto Cunha podia-se alimentar qualquer tipo de sentimento, menos a indiferença. Seu perfil cabia certinho no slogan adotado para o Brasil durante os governos militares: Ame-o ou deixe-o. Tinha um temperamento mercurial, era capaz de discutir física quântica, cirurgia intra-ocular ou filosofia tomista com qualquer um. Com zero de paciência. E aquela serena, superior postura dos homens que se consideram predestinados. Imprevisível e voluptuoso como um tsunami, defendia suas ideias e posições políticas com a energia de um marruás reservado-campeão Nelore, era visceralmente honesto e, com indisfarçável pontinha de vaidade, cultivava a reputação de bom administrador. Talvez, no entanto, sua maior virtude fosse o talento para montar sua equipe e se cercar de homens tão leais quanto brilhantes, às vezes nem tanto, mas capazes de suprir sua ausência sem que ninguém se desse conta. 
O.k., era teimoso, impaciente e não se tem notícia de que um dia haja dado ouvidos a quem quer que seja, provavelmente nem a dona Maria das Graças Souza Cunha, sua dedicada mulher, com quem teve três filhas maravilhosas. Mas até os mais ferrenhos adversários lhe reconheciam o carisma irresistível, a extraordinária capacidade de obter adesões e aquele plus hipnótico que derivava de uma simpatia arrebatadora. Era também, certamente que sem o saber, um consumado workaholic, aquela pessoa incapaz de ficar quieta ou sem fazer nada por um minutinho sequer: para ele, se não estivesse pensando ou executando algo de relevante, ainda que fosse colher umas cidras pra alguém lhe fazer seu doce favorito, a vida simplesmente não tinha sentido. 
Havia se aposentado? Ledo engano: debaixo de um quieto, articulava suas novas aventuras políticas, provavelmente a bordo do PMDB e na companhia de Osório Santa Cruz, com quem se reconciliara depois de duas décadas de inimizade. 
O ex-prefeito de Rio Verde completaria 69 anos no domingo, 5 de junho. Mas não teve tempo. O destino o surpreendeu dois dias antes, no Instituto de Neurologia de Goiânia, levando-o com a alentada biografia que a gente contempla, coça a cabeça e acaba concordando: 
É... você ‘tava certo, Paulo Roberto. 



Depoimentos 

Luiz Becker Karst 
Já não lembro mais quem afirmou que as pessoas são lembradas na morte, na proporção dos espaços que ocuparam na vida. 
Como mortal, Paulo Roberto Cunha completaria 69 anos no dia 5 de junho, mas sempre o defini como um homem fora do seu tempo, e a história o comprovará. 
“Se não houver frutos, valeu a beleza das flores. Se não houver flores, valeu a sombra das folhas. Se não houver folhas, valeu a intenção da semente.” 
Como muitas, a morte de Paulo Roberto nos entristece, mas lembrando sua vida, encontramos forças para continuar nossa caminhada. Ele não plantou em terra estéril e as sementes estarão sempre germinando e rebrotando em cada um de nós, que multiplicando seu legado, o tornamos imortal. 
Paulo é mais um exemplo da citação de Robindranath Tagore: “quando minha voz se calar com a morte, meu coração continuará falando.” 
Como nos ensinou Gabriel Marcel, “amar uma pessoa é dizer-lhe: você jamais morrerá”. 

Cairo Santos, radialista 
Paulo foi muito importante na nossa vida. Na época, como deputado federal, foi ele quem conseguiu mais uma concessão de rádio para Rio Verde, que hoje é a 96 FM. Tudo pela interferência dele, e todos da organização possuem um carinho especial e agradece de coração por tudo que ele fez para a cidade. Figura ilustre, filho de Rio Verde. Conquistou reconhecimento em todo o estado de Goiás, como em todo o país. Quem conviveu com Paulo conhecia o valor que ele dava aos seus companheiros, o carinho que ele tinha com as pessoas. Ele foi um político verdadeiro, que não tinha meio termo e fazia tudo pelos companheiros. É um ícone na política brasileira, um político nato, à frente do seu tempo. Um cidadão que proporcionou o passo maior de Rio Verde rumo ao desenvolvimento. 

Alcides Rodrigues, ex-governador do estado 
Paulo Roberto Cunha representou muito para a política do estado de Goiás. Presto minha homenagem a esse homem que muito estimo, e seu reconhecimento político ficará na memória de muitos. Somente Deus pode reconfortar o coração dos que ficaram nesse momento. 

Rogério Cabral, radialista 
Paulo Roberto Cunha foi um homem que amava sua cidade de Rio Verde. A primeira vez que ouvi falar de Paulo, soube da forma efusiva de seus discursos, principalmente quando estava em palanque. Tive a oportunidade de acompanhá-lo durante sua campanha de reeleição, para o terceiro mandato, e pude perceber como ele era querido e forte quando estava no palanque. Ele, literalmente, chamava a atenção pela forma direta e forte de se pronunciar. As pessoas o tratavam como artista e queriam tocá-lo, tirar fotos, isso em vários municípios do estado. Ele representou muito para todos os goianos. Vai deixar uma grande lacuna, muita saudade dos cidadãos rio-verdenses. 

Jota Júnior, radialista 
Uma pessoa que foi empreendedora, política e amiga. Conseguiu administrar sua carreira junto com suas emoções, que as tinha à flor da pele. Enquanto alguns o chamavam de sem educação, outros o sentiam como verdadeiro. Levou o nome de Rio Verde para o país inteiro. Nós perdemos um grande líder.   

Evânio Silva, vice-prefeito de Paulo Roberto (2º mandato) 
Ele deixa um grande legado. A coragem, o desprendimento e o coração humano que ele tinha. Deus o acolherá em um bom lugar. Fica o nosso sentimento, a nossa tristeza por perder um grande amigo que pude conviver enquanto vice-prefeito de sua gestão e como secretário de Ação Urbana. Ele era um prefeito que cobrava as tarefas de seus secretários e sempre apoiou e conciliou o bom administrador com o bom político que foi.   

Paulo Ananias, poeta e professor 
Paulo foi uma pessoa sensível, que abraçava a cidade. Ele foi verdadeiro com as pessoas. Meu último poema para Paulo Roberto: “É por amor que nasce as flores, é por amor que resplandece a primavera. É por amor que os rios correm o mar. É por amor que a humanidade caminha. Não fosse o amor, a Terra seria um deserto sem vida, os passarinhos não cantariam, os vegetais não se reproduziriam. Não há universo sem amor. Deus edificou sua tenda, por isso tudo é amor. Inclusive, a dor que a cidade sente por você, é super amor. Eu amo você, Paulo”. 

Henrique Miranda, radialista 
Estou chateado pela morte. Ele iria completar 69 anos no dia 5 de junho. Sou um radialista aposentado que tive vários embates jurídicos com o ex-prefeito e naquelas ocasiões parecia que ia ficar um problema entre nós dois. Mas muito pelo contrário. Nossa amizade havia triplicado em função do ser humano que foi Paulo Roberto. Ele não mandava recado, ele ia cara-a-cara. O Paulo era de uma dignidade enorme, muito temperamental. Rio Verde deve muito ao Paulo. Ele amava nossa cidade. 

Prefeito de Rio Verde, Juraci Martins 
Rio Verde está consternada. Acompanhei o Paulo por seis anos, na época do cooperativismo com a fundação da Comigo. Batalhador, levou a Comigo em um patamar que deu oportunidades para que o seu sucessor, Chavaglia, transformasse a cooperativa no que é hoje. Ele foi o maior líder, estou convicto de sua grande expressão na história política de Rio Verde, do estado e do Brasil. Como deputado, foi um líder ruralista, cooperativista e batalhador. Eu o vejo como um homem de garra, convicto, polêmico, mas acima de tudo, defensor do debate. Ele gostava de debater com quem fosse, sendo autoridade ou não. Tivemos as nossas divergências políticas, mas estou abatido, pois é uma perda enorme para a nossa cidade. É mais um político que vai, que eu sei como é desgastante esse trabalho. Ele tinha uma vontade de lutar. Fui derrotado pelo Paulo, reconheço isso, principalmente na eleição da cooperativa. Ele defendia seus companheiros arduamente, alguns que nem o acompanharam nesse momento. Um homem de convicção que enfrentava desafios. Quanto maior o desafio, ele lá estava totalmente pronto. Podemos criticá-lo como político, mas se eu tivesse a garra do Paulo eu teria sido prefeito há muito tempo. 

Heuler Cruvinel, deputado federal 
Perdemos um homem que lutou por melhores condições para a cidade de Rio Verde. Não tive a oportunidade de estar junto de Paulo Roberto, mas tinha admiração por sua garra, força de vontade e pelo amor que ele tinha por Rio Verde. Um homem digno, trabalhador, pai de família e que, acima de tudo, levantou a bandeira de Rio Verde em todos os locais por onde esteve. 

Levy Rei de França, secretário de Educação, Esportes e Lazer 
Pude perceber as homenagens que ele recebeu durante o velório, flores, as pessoas que queriam dar o adeus a Paulo Roberto Cunha. Quando cheguei à prefeitura, encontrei o Instituto Ayrton Senna, trabalho que devemos creditar a Paulo Roberto Cunha, ao implantar esse projeto na educação do nosso município. Se existe um segmento que ele foi bom e muito humano, foi na educação. Muitos professores devem sua formação ao Paulo Roberto, pelo espaço que possibilitou para essas pessoas se formarem. É uma perda muito grande. Ele deu orgulho para toda nossa cidade, e merece todo o carinho e homenagens. 

Elias Terra, presidente da Câmara Municipal de Rio Verde 
Deixo as condolências a toda a família. Paulo Roberto deixou um legado a Rio Verde. Deixou um trabalho importante para o crescimento de Rio Verde. Ele foi uma liderança que prestou uma grande administração no município. 

Iran Cabral, vereador 
Rio Verde está triste. Eu tive a honra e o prazer de ser amigo do Paulo. Se estou na política, tenho que agradecer a ele. Sei o que ele fez por muita gente e estou emocionado com essa enorme perda para todos nós, rio-verdenses. Paulo Roberto orgulhava em dizer que era rio-verdense. Um homem de grande currículo na vida pública. Ele preencheu uma lacuna na política e no cooperativismo rio-verdenses. Foi um grande empresário e contribuiu para o desenvolvimento da cidade. 

Leonardo Veloso, vice-prefeito de Paulo Roberto (3ºmandato) 
Foi a pessoa que me iniciou na vida pública. Alavancou nossa candidatura a deputado federal. A comoção geral das pessoas emocionadas e que reconhecem o jeito positivo de Paulo, a vontade que ele tinha de fazer as coisas acontecerem. Às vezes, ele queria as coisas à frente do que outras pessoas poderiam fazer, e muitos não entendiam esse jeito de Paulo Roberto. Tinha um coração enorme, fez tudo em prol do desenvolvimento da cidade. Ele é um marco na história, pela atenção que tinha com as pessoas. Todos sabem do quanto ele gostava de estar no meio das pessoas, ajudar na saúde, no ensino de Rio Verde. O seu grito de guerra vai ecoar para sempre. Viva Rio Verde. 

Dr. Oduvaldo, vereador 
Falar de Paulo Roberto Cunha é fácil. Durante um terço da minha vida inteira, ele foi o Prefeito da cidade onde vivo. Nos outros dois terços de tudo que vivi, ele representou Rio Verde no Congresso Nacional, e se tornou nossa maior liderança classista, cooperativista, empresarial e política. Construiu a base para o crescimento que temos hoje! Homem sério, de princípios, progressista, visionário e de grande coração, atendeu tantos quanto foi possível. Dedicou sua vida a nós e nossa cidade. Amigo da nossa família, faz parte da nossa História e será lembrado por toda eternidade. Viva Paulo Roberto Cunha! Tá certo, Paulo Roberto! 

José Henrique de Freitas, vereador 
Respeito e admiro o Paulo Roberto Cunha pela liderança que sempre imprimiu por onde passou, mostrando com clareza sua posição. Foi um líder que marcou a sua passagem pela política. O Paulo Roberto soube viver de tal forma que sua presença era sempre notada. Quando chegava, impunha. Lembro-me de momento socioeconômico muito importante em que ele instituiu uma lei limitando o plantio da cana-de-açúcar na região de Rio Verde. O interessante foi que, mesmo sabendo que era um ato inconstitucional, ele manteve sua posição e opinião firmes. Na vida, conquistou amigos e adquiriu desafetos, mas será sempre lembrado. 

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