terça-feira, 9 de outubro de 2012

***Rio Verde: Motorista de ônibus relata dificuldades enfrentadas no trânsito***


FOTO:DEOCLISMAR VIEIRA
TEXTO:SUDOESTE JORNAL

Rio Verde experimentou um avassalador crescimento populacional nos últimos anos e, como consequência natural, viu sua frota de veículos se expandir exponencialmente. Essa situação ficou ainda mais complicada para os motoristas de transporte urbano, que trafegam todos os dias pela cidade disputando espaço com motos, carros e pedestres imprudentes. Motorista de ônibus há mais de 20 anos, Pedro Francisco de Souza revela que conduzir um veículo em Rio Verde é difícil: “Em certas ruas, dá até medo entrar”, diz ele, apontando que algumas vias deveriam ser melhor aproveitadas para agilizar o fluxo de veículos. “O trânsito poderia sair um pouco da Avenida Presidente Vargas e entrar na Avenida Augusta Bastos, cujo trecho possui poucos sinaleiros. A Augusta é mão única. Por que não pode ser mão dupla?”.

Horários

Pedro ressalta que o motorista de transporte coletivo precisa fazer um grande esforço para cumprir os horários, pois as dificuldades são imensas. Ele relata que, do Bairro Promissão até o Céu Azul, o condutor tem 1h20 para completar o trajeto. “Mas não é simplesmente rodar.

Há ocasiões em que é preciso esperar o idoso subir no veículo ou a entrada de uma mãe com crianças. Existem casos também em que o motorista depara com indivíduos atravessando a rua sem sentido algum, podendo ser idosos ou pessoas distraídas. Todas essas questões atrapalham”, afirma.

Pedro conta também que, em certas circunstâncias, é necessário parar ou diminuir a velocidade do ônibus, porque muitos são imprudentes e desrespeitam os motoristas. “Às vezes, o profissional tem que chegar ao destino até determinada hora. Então, ou ele anda bem ou chega atrasado. Mas, se apressar, muitos reclamarão que o veículo corre demais. É difícil”. O complicado dessa história, ele prossegue, é que a multa da SMT chega para o motorista que não cumpriu o horário. “Há ainda alguns aspectos que não são analisados, como o do passageiro que tem dificuldade de entrar no veículo, as paradas por causa dos semáforos ou um carro na faixa exclusiva do coletivo. Se a fiscalização fosse diferente, o fiscal perceberia que o motorista chegou atrasado porque teve paciência de esperar por um homem de idade ou uma família com crianças.”

Outra alternativa, de acordo com ele, seria ampliar os horários, de modo que o motorista conseguisse cumprir sua obrigação. Pedro ressalta que o profissional deve ser ágil, se quiser ir ao banheiro ou tomar água nas paradas. “Muitas paradas não têm estrutura ou banheiro. Alguns contam com a ajuda de um comerciante, que libera o sanitário nas dependências do comércio. A prefeitura precisa olhar essa questão de imediato”.

A municipalidade anunciou neste mês o edital de licitação para concessão de serviço de transporte urbano em Rio Verde. Com a medida, Pedro tem esperança de que haja melhorias no sistema, tanto para usuários quanto motoristas. “A concorrência é benéfica para todos. Mas entendo que, se houvesse uma empresa terceirizada para trabalhar com o trânsito da cidade, ela cobraria mais da prestadora.”

Mercado

É intensa a rotatividade de motoristas na Paraúna, empresa prestadora do serviço de transporte, tanto que a cidade precisaria de, pelo menos, mais uns dez condutores para atender à demanda, relata Pedro. Ele afirma que a dificuldade acontece por causa da concorrência de mercado, já que muitos trabalham em rodovias, usinas de cana-de-açúcar e outros serviços de temporada. “As empresas querem os motoristas de imediato. Depois de um tempo, os condutores procuram outro tipo de emprego. Eu mesmo já tive proposta, mas não quero mais ficar mudando de um emprego para outro.” Por causa dessa realidade, ele diz que vários motoristas saíram da Paraúna e depois voltaram. “Hoje em dia, há esse problema da falta de profissional no mercado.

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