quarta-feira, 24 de setembro de 2014

***RIO VERDE-Cirurgia no bebê que pode ficar cego é liberada, mas não tem data marcada***






A cirurgia no olho do bebê Daniel Lemes Carvalho, de 1 ano e 5 meses, diagnosticado com glaucoma congênito, já está liberada pela Secretaria Municipal de Saúde de Goiânia (SMS). No entanto, a Central de Regulação, responsável pela liberação das vagas na rede pública, afirmou ao G1 que a data ainda não foi marcada.
"Ela está liberada, mas estamos aguardando para marcar a data do procedimento. Dependemos do agendamento da equipe médica do Cerof [Centro de Referência em Oftalmologia, onde deve ser realizada a operação] e ainda não sabemos quando isso vai ocorrer", afirmou Cláudio Tavares, diretor do órgão.
Já o Cerof informou que possui apenas um médico especialista para fazer a cirurgia, mas que ele já está verificando a disponibilidade para agendar o procedimento.
Daniel mora com a família em Rio Verde, no sudoeste goiano, e espera pela cirurgia há mais de 4 meses. Ele tem dificuldades para enxergar e, por causa do problema, tem dificuldades para comer e andar. A família diz que não tem condições de arcar com o preço da operação, que custa cerca de R$ 10 mil. Segundo o pai da criança, o operador de oxicorte Luis César Carvalho Oliveira, o menino precisa ser operado com urgência para que não fique cego.

A família já havia procurado a Secretaria de Saúde de Rio Verde, que afirmou ter encaminhado o caso para Goiânia, pois no município não há especialista apto a fazer a cirurgia que o menino precisa. Em nota enviada ao G1, o órgão informou que Daniel foi atendido na capital, onde foi protocolado o pedido para a realização da cirurgia.
Inicialmente, a Secretaria de Saúde de Goiânia, responsável pela Central de Regulação de Vagas, havia dito que ainda não recebeu o pedido do órgão de Rio Verde, necessário para a liberação. Porém, após a publicação da matéria, a secretaria, por meio da assessoria de imprensa, mudou a versão e disse que recebeu o documento. Em nota, enviada também após a reportagem, o órgão disse que disse que vai entrar em contato com a família na quinta-feira (25) para falar sobre o agendamento da cirurgia.
De acordo com o promotor Érico de Pina Cabral, do Centro de Apoio Operacional da Saúde (CAO) do Ministério Público de Goiás (MP-GO), o que houve foi um "desajuste administrativo" entre as duas secretarias. "Foi um problema na pactuação entre os municípios. Ela falha será tratada e apurada para que não ocorra novamente", explicou.
Angústia
Enquanto não obtém resposta, a família de Daniel convive com a incerteza sobre o procedimento. "A gente fica angustiado e triste por um estado desse tamanho não conseguir resolver uma situação dessas", disse Luis César.
O operador disse que tem muito medo de que o filho perca a visão. Ele conta que quando o bebê tinha cerca de 8 meses, começou a notar que o olho dele ficava vermelho e irritado. "Ele esfrega muito o olho e fica irritado. Quando ele conseguir a cirurgia, será a melhor coisa da minha vida", diz.
O glaucoma congênito é uma doença rara que aparece em recém-nascidos e crianças, provocando uma lesão no nervo óptico. O paciente apresenta lacrimejamento, dificuldade em tolerar a claridade e perda do brilho da região da íris, que passa a ter uma coloração mais azulada e opaca com aumento do volume do globo ocular.
Medo
Com a visão comprometida, a criança fica a maior parte do tempo no colo da mãe, pois tem dificuldades para realizar ações simples, como comer ou brincar. "Ele cai, machuca e não quer mais andar, tem dia que fico com ele praticamente o dia todo no braço porque ele não quer ir para o chão", conta a mãe, a dona de casa Shawanda Lemes Pereira.
Daniel só enxerga se colocar o objeto bem próximo aos seus olhos. "Só a gente que é mãe, que está passando por isso, sabe como é dolorido. Às vezes ele está do meu lado, eu estou conversando com ele e ele fica chorando, falo: ‘Daniel, mamãe esta aqui’. Mas ele continua chorando porque ele não consegue me ver direito", relata a dona de casa.

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